Corpus Christi: esperança que conduz

Conta-se que Jesus estava dormindo em um barco junto com seus amigos quando, de repente, um temporal se armou no mar, quase afundando o barco. Mas Jesus seguia dormindo tranquilamente. Nessa hora, foram acordá-lo, pedindo ajuda para salvá-los. Segundo os escritos, Jesus disse: "Não tenham medo, Eu estou aqui!" Jesus se levantou, olhou para a tormenta e mandou os ventos cessarem e as ondas baixarem.

Isso aconteceu no mar da Galileia, e podemos associar ao que vivemos neste último mês em Porto Alegre e demais municípios do Rio Grande do Sul. Jesus usava muito a simbologia do barco, pois escolheu Cafarnaum, cidade às margens deste mar e repleta de pescadores, como ponto de partida para sua vida evangelizadora. Cidade de pobres e necessitados que precisavam ser vistos e viver com dignidade.

Jesus mostrou que o sagrado se encontra também além das paredes e muros dos templos. Ele era um profeta itinerante e caminhava junto às pessoas que mais precisavam: multiplicou o alimento, acalmou a tempestade, acalmou os corações aflitos.

O feriado de Corpus Christi, que celebramos no dia 30 de maio, é o dia em que Jesus na Hóstia Consagrada percorre as ruas do nosso país. Aqui, no Rio Grande do Sul, temos o costume de ornamentar as ruas para recebê-lo. As ruas recebem tapetes com as mais diversas cores e artes, tudo para receber Jesus que passa.

Hoje muitas de nossas ruas continuam alagadas, outras passam por um processo de reconstrução, e talvez não recebam essa ornamentação para este dia tão especial, mas posso dar testemunho do que os meus olhos viram nas ações evangelizadoras que aconteceram em várias comunidades.

Tive a oportunidade de participar dos resgates em bairros afetados em Porto Alegre e vi muitas pessoas que anunciaram para muitos ilhados a mesma frase corajosa de Jesus: "Não tenha medo, eu estou aqui." Me perguntava ao aquietar da noite: quantas tempestades foram acalmadas nos corações dos aflitos durante o dia? O barco era o mesmo da Galileia, e o mesmo exemplo do próprio Jesus se repetia a cada partida e chegada de incontáveis barcos que ajudavam.

Felipe é o nome do rapaz que guiou o meu barco pelas ruas do Humaitá, e me contou que usava o barco para pescar. Neste dia 30, ao celebrar o Corpus Christi, vejo que Jesus continua a passar pelas ruas, até mesmo as alagadas, através do amor que transcende e que cuida do irmão e da irmã como se fossem parte de si.

Ainda me emociono ao escrever, pois sei que muitos ainda não voltaram para suas casas, e sustento a minha esperança procurando acender a de vocês percebendo que a nossa vida é coletiva e que a solidariedade seja a nossa oração para que todos e todas fiquem bem.

Aproveito para agradecer a generosa contribuição da comunidade do Colégio Santa Inês, que alimentou, agasalhou e matou a sede de milhares de pessoas. Continuem ajudando e espalhando o amor de Jesus pelas ruas, pois como diz a nossa fundadora, Madre Teresa de Jesus Gerhardinger, "é através do nosso amor que devemos ser reconhecidos que acreditamos em Jesus Cristo."

Josimar Philippsen
Coordenador da Pastoral do Colégio Santa Inês