Educação, respeito e empatia: propostas e ambientes antibullying na escola

O Colégio Santa Inês, comprometido com a formação integral de seus estudantes trabalha, educativa e preventivamente, em prol da sensibilização ao respeito a si e ao outro, não tolerando abuso físico ou verbal e/ou violência, intimidação e/ou outro comportamento que viole ou afete negativamente o bem-estar do outro.

Ao longo do ano, nos canais oficiais de divulgação institucional, serão apresentadas diversas ações de combate ao bullying, reforçando a importância de prevenir e combater atitudes discriminatórias. Esse trabalho constante visa a preparar a comunidade inesiana para identificar e reagir diante de situações negativas, evitando que sejam naturalizadas e silenciadas, contribuindo assim para uma escola livre de bullying.

Desde cedo, as crianças são incentivadas a desenvolver habilidades de convivência, respeitar a diversidade e promover atitudes de gentileza no cotidiano. Também é fundamental que sejam encorajadas a buscar o apoio de um adulto de confiança, seja no Colégio ou em casa, caso presenciem ou sofram algum tipo de bullying.

A seguir, confira um artigo elaborado pelo LIV (Laboratório de Inteligência de Vida) sobre o conceito, quais as consequências e como lidar com o bullying.

Bullying é um assunto inevitável nas escolas, seja naquelas que estão sofrendo diretamente com o problema ou nas que temem seu aparecimento no relacionamento entre os alunos. Diferentemente de dificuldades pontuais que envolvem desavenças entre crianças ou adolescentes, o bullying é uma questão mais grave, uma forma de violência que precisa ser prevenida e, quando necessário, remediada.

Definindo o bullying

Segundo o sociólogo brasileiro Orson Camargo, o bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”). Ele se refere a todas as formas de atitudes agressivas, sejam verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que podem ocorrer sem motivação evidente. Essas violências são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, e tem como objetivo intimidar ou agredir outra pessoa sem que ela tenha a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.

Seguindo o mesmo raciocínio da definição acima, casos de discussões breves e desentendimentos pontuais não são consideradas bullying. Embora uma intervenção por parte de educadores e responsáveis também seja necessária nesses casos, é importante saber diferenciar os problemas.

Apesar de ser comentado amplamente, o bullying não tem uma origem definida. Para o autor Stan Davis, isso acontece porque “a escola é um lugar que jovens convivem com outras pessoas que eles, ordinariamente, não teriam escolhido passar o tempo juntos”. Essa informação, apesar de parecer óbvia, nem sempre é levada em conta. Muitas vezes, os adultos esperam que as crianças tenham como amigos todos os colegas de escola, sem considerar que eles não escolheram necessariamente conviver com aquele determinado grupo. Em um ambiente assim, as mais diversas relações podem surgir, incluindo a dinâmica do bullying.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2015, 46,6% dos entrevistados disseram já ter sofrido algum tipo de bullying. Em 2012, a porcentagem era de 35,3%. A pesquisa ouviu cerca de 13 milhões de jovens entre 13 e 17 anos de idade, de escolas públicas e particulares de todas as regiões do país.

Como as habilidades socioemocionais podem auxiliar na prevenção do bullying

Como todo problema complexo, o bullying não é combatido de um dia para o outro por meio de uma solução pronta. Para reduzir e prevenir seus danos, é preciso agir de forma sistemática, buscando entender o que está por trás de cada caso.

“Considerando que nossa sociedade tem uma relação de rejeitar as diferenças, isso faz sentido. A gente tem medo de ser diferente. O outro incomoda. O bullying diz muito sobre a nossa relação com a fragilidade”, afirma a psicóloga Márcia Frederico, durante o evento LIV Talks.

Por isso, mais do que promover campanhas pontuais contra o bullying, as escolas precisam atentar para saber como os alunos estão desenvolvendo habilidades socioemocionais que lhes permitam conviver em grupo, desenvolvendo empatia, respeito ao diferente e capacidade de escutar os outros.

Agressor x vítima

Há uma tendência equivocada de rotular quem pratica o bullying como agressor, dando a entender que existe na criança algo imutável ou até uma natureza má. “Todos nós somos bons e maus. Essa concepção de que existe um agressor ‘por natureza’, não faz o menor sentido dentro da educação, principalmente com crianças. Se rotulamos, colocamos as crianças em lugares fixos e não permitimos que elas mudem de posição ao longo do tempo”, defendeu.

Uma oportunidade de ação

Sabe-se que existe uma possibilidade de prevenir o bullying, embora não seja possível extingui-lo. “É impossível acabar com o bullying, mas é possível diminuir e prevenir o problema”. Dar espaço de escuta e fala aos alunos, falar abertamente sobre o tema e trabalhar com os espectadores, para mostrar que o bullying é uma covardia são alguns caminhos apontados pela especialista.

No caso dos educadores, é importante também mostrar que se importam com as crianças e os adolescentes, tratando caso a caso sem massificar os padrões de comportamento, pois isso ajuda a romper rótulos, criar senso de comunidade e levar em consideração, seriamente, os seus questionamentos.

Acolhimento necessário em casos de bullying

Segundo relatório da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), mais de 150 milhões de adolescentes entre 13 e 15 anos de diferentes países já tiveram alguma experiência de violência, dentro ou ao redor da escola, envolvendo seus pares.

Dados compilados e divulgados ano passado pelas pesquisadoras Linda Darling-Hammond e Channa M. Cook-Harveyc, do Learning Policy Institute (EUA), por exemplo, revelam que as crianças aprendem melhor quando se sentem seguras e apoiadas. Do mesmo modo, seu aprendizado é prejudicado quando vivenciam situações de medo ou trauma nesses espaços, principalmente em situações de estresse nas quais deveriam receber apoio.

Por isso, as especialistas afirmaram no estudo que: “É importante que as escolas ofereçam um ambiente positivo de aprendizagem, que permita aos estudantes desenvolverem tanto habilidades socioemocionais quanto aprenderem o conteúdo acadêmico”.

O que as escolas têm feito para combater o bullying

Embora seja verdade que o bullying faça parte do contexto escolar há muito mais tempo, também é verdade que o aumento do debate sobre ele tem levado a avanços significativos no combate à violência. “Os conflitos são necessários para qualquer ambiente onde humanos se relacionam, principalmente quando se trata de jovens, mas estamos trabalhando para que esses conflitos existam sem violência”, afirma Joana London, psicóloga e gerente pedagógica do LIV.

Nas escolas onde tem parceria, o LIV, como programa de desenvolvimento socioemocional, se compromete a abordar tanto as questões emocionais quanto as questões sociais presentes na vida dos estudantes. Segundo Joana, o bullying passa por esses dois campos:

“É um comportamento social que está completamente ligado ao emocional. Podemos garantir isso pois, ao nos aprofundarmos nos relatos, é comum identificarmos que não há só um personagem em sofrimento e sim todos envolvidos, inclusive o próprio ambiente”.

Para ajudar a identificar as origens do bullying e reduzir seus impactos negativos, o programa LIV busca levar para o contexto escolar a prática da escuta e do diálogo constantes.

Falar de bullying é importante o ano todo!

No dia 7 de abril de 2016, foi promulgada no Brasil uma lei definindo a data como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Embora efemérides como essa chamem a atenção para a temática, é importante lembrar que seu debate deve ser alvo de atenção o ano todo.

“O fenômeno bullying se refere a posturas violentas, físicas ou verbais entre os estudantes, sem que exista uma motivação aparente. Elas acontecem de maneira intencional e constante. Esse movimento gera angústia e dor e cria-se uma relação desequilibrada de poder. O bullying não envolve apenas a vítima e o agressor, mas também os sujeitos que presenciam, testemunham e às vezes até influenciam”, explica Joana.

Pesquisa feita pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) mostra que para 60,2% dos alunos o bullying ocorre mais frequentemente dentro das salas de aula do que em outros espaços. Segundo a educadora, “considerando o papel fundamental da escola no desenvolvimento do ser humano é necessário compreender a violência nesse ambiente como parte do sintoma de uma crise nas relações sociais que não se restringe a esse espaço”.

Outro dado importante da pesquisa da ABRAPIA é que 41,6% dos que admitiram ser alvos de bullying disseram não ter solicitado ajuda aos colegas, professores ou família, demonstrando assim a falta que faz uma rede de apoio para esses jovens.

Já pesquisas feitas com aqueles que praticaram a agressão apontam que a maioria traz de casa uma realidade de abandono e de relações familiares fragilizadas. Sobre isso, Joana afirma:

“Além de entender o conceito e as implicações práticas, é extremamente importante abordar as temáticas da diferença, da discriminação e da violência na sua forma mais ampla. Quando ampliamos o entendimento do conceito e abordamos as temáticas que o circundam, damos a oportunidade para os alunos repensarem sobre como afetam e como são afetados por esse processo. Assim podemos fazer um trabalho de transformação”.

A especialista destaca ainda que, embora sejam muitos os fatores ligados à complexidade desse tema, há duas atitudes importantes a serem tomadas que podem servir para sua prevenção: investir na comunicação e enxergar a escola como um grande ambiente de mudança.

“É através do diálogo, espaços de escuta e respeito que os vínculos são criados. Para funcionar bem, esse diálogo precisa se expandir para todas as relações presentes na escola, independentemente de suas diferenças possíveis”, completa a psicóloga.

Artigo elaborado pelo LIV (Laboratório de Inteligência de Vida), disponível na íntegra em:  https://www.inteligenciadevida.com.br/pt/conteudo/bullying-nas-escolas/

Sobre o LIV

O Colégio Santa Inês é uma #EscolaQueSente e tem como um dos parceiros o LIV (Laboratório de Inteligência de Vida), programa de educação socioemocional, que é referência no Brasil, e apoia estudantes, educadores e famílias no conhecimento e na gestão das emoções e dos sentimentos dentro e fora do espaço escolar. O LIV é um importante pilar do Projeto Pedagógico Inesiano e está presente no Ensino Fundamental Anos Iniciais e Anos Finais, para que os estudantes desenvolvam seis habilidades indispensáveis para os desafios do hoje e do amanhã. São eles: colaboração, criatividade, comunicação, proatividade, pensamento crítico e perseverança.