Escola, um lugar Sagrado

É comum, em espaços confessionais como escolas e hospitais, termos espaços sagrados de oração e culto. Se nos perguntarmos sobre o espaço sagrado em nossa instituição, prontamente apontaríamos para a capela. É como se limitássemos a ela o único espaço de encontro com o sagrado. Essa experiência, porém, acontece em cada lugar onde se vive uma experiência existencialmente transformadora, principalmente onde se vivenciam o amor, a misericórdia e a fraternidade, ou ainda onde se encontra consolo para o sofrimento, paz diante das dores e esperança que nos encoraja. A partir de um ponto de vista cristão, esse tipo de experiência ganha o significado de encontro com Cristo, pois nossa tradição, ao afirmar que o Verbo de Deus se fez carne e entre nós habitou, está dizendo que toda experiência humana foi experimentada em Deus e que Ele se encontra presente nas mais simples ações do cotidiano. Assim, para além de um espaço consagrado como a capela, a escola, em si, é um lugar sagrado, pois nela se vivem todas essas experiências. E a partir da proximidade com Jesus, podemos intuir que, no espaço escolar, se vivem situações que remetem às próprias narrativas do Evangelho.


Podemos dizer, por exemplo, que o advento acontece diariamente em nosso Colégio, quando a comunidade escolar é bem recebida e nos confia uma grandiosa missão. A sala de aula, por sua vez, é um espaço sagrado, onde inúmeras transformações acontecem.
Quando nos comprometemos com o futuro e lapidamos um projeto de vida, celebramos o nascimento de Jesus, acompanhado de uma esperança ativa e transformadora.

A escola também é um lugar sagrado, tornando-se Templo, quando proporcionamos uma educação libertadora e que, através do conhecimento, nossos estudantes possam ser referência em outros espaços. Nosso ambiente escolar é sagrado quando desenvolvemos a autonomia de nossos estudantes, quando, frente às injustiças, consigam ser atores sociais que transformam e apontam novas perspectivas humanizadoras. Aqui, entra o nosso cuidado integral, físico, cognitivo, emocional e espiritual. Educadores vivem isso diariamente. Podemos fazer memória de estudantes que, na sua trajetória escolar, cresceram e crescem não apenas em tamanho, mas em sabedoria, ciência e criticidade, tornando-se pessoas capazes de vislumbrar novas formas de atuação, aprendendo a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.

O milagre acontece no fazer educativo, sempre que o educador inspira seus educandos, quando oportunizamos a construção para cidadania e quando, frente aos problemas, somos protagonistas e criativos. Por vezes, somos Maria, que aponta caminhos, faz ver realidades e que confia no potencial e encoraja as atitudes. Nossos dias são sagrados no alvoroço, na alegria, na vontade de viver, no pátio, na pracinha, na cantina, em qualquer espaço que oportunizamos um encontro afetivo e efetivo, nas relações de carinho, de pertença e de amizade.

É evidente que o fazer educativo é desafiador quando promovemos uma educação integral. A excelência acadêmica deve vir com um amparo socioemocional e espiritual. Temos em nossas mãos crianças e jovens que precisam de cuidado, assim como os seus sentimentos e emoções. A tristeza e falta de sentido de vida, bem como todas as dificuldades que as crianças e os jovens enfrentam devem ser encaradas com uma leitura atenta e escuta ativa. Prepará-los para os desafios, para a vida, para as frustrações e para os medos também é responsabilidade do educador.


Pode-se comparar a Páscoa, por sua vez, ao próprio testemunho de esperança do educador. Mais do que conhecimentos específicos, como educadores, devemos educar para o amor, educar para que a vida seja plena, para que a comunidade educativa tenha um projeto de vida, colocando o outro como irmão. Assim, devemos mostrar que, mesmo no inverno, podemos anunciar a primavera que chega, colore, dá vida, alegria e sentido às coisas.


A escola é um espaço sagrado, sim, que em todas ambiências e setores nos fazem imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). É um abraço de Abbá (Mc 14,36), que conforta, dá coragem e que nos apresenta o sentido mais puro do cuidado. Todos os dias, somos anúncio da Boa Nova, somos mensageiros ativos na implementação do Reino em mais um espaço que se torna sagrado, que grita diariamente “Deus está aqui!”, porque Deus é amor e educação é sinônimo disso