A infância como presente!

No livro Memórias Inventadas, o poeta Manuel de Barros, em sua linguagem mágica e figurada, conta que por ocasião de seu aniversário a mãe o presenteou com um rio. Ao irmão prometeu em sua data de nascimento lhe dar uma árvore coberta de pássaros. 

A criação do escritor, em sua beleza metafórica de carga poética singular, deixa ao leitor outras formas possíveis de presentear uma criança. Então, convoco você, que lê este texto, para que possa fazer uma reflexão sobre o presente que gostaria de dar a uma criança. 

Tomemos agora o dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e Dia Nacional da Criança, conforme Decreto Lei nº 4.867, de 5 de novembro de 1924 (sendo que a data somente foi comemorada a partir de 1960, por motivos meramente comerciais), para presentear as crianças com o direito a sua infância! 

A sociedade, o governo, as famílias darão como regalo às crianças o melhor de todos os presentes: o direito a todas as crianças de viverem a sua infância em plenitude! 

A violência contra a criança, o trabalho infantil, a falta de acesso à saúde, a escolas de qualidade e o desrespeito à sua individualidade darão espaço para a proteção, as conversas olho no olho, as narrativas de ternura indicativas dos limites, o respeito às diferenças, a escuta sensível daquilo que querem dizer e dos seus sentimentos. O tempo curto imposto para a vivência do infantil, a pressa cotidiana, a inserção antecipada no mundo adulto, a hiperestimulação digital, o consumismo infantil e o erotismo precoce darão espaço ao tempo vivido sem paradas abruptas, à convivência em família e com os amigos, às conversas simples do cotidiano, aos porquês fundamentais na descoberta do mundo, às brincadeiras de faz de conta, às rodas cantadas, às parlendas, às músicas, às histórias que povoam o imaginário e o contato irrestrito com a natureza. 

Dessa forma, com as crianças presenteadas com a sua infância, nós, adultos, ganharemos outro grande presente: a esperança de vivermos em um mundo melhor!