Atividade interdisciplinar une componentes de Literatura, Química e Física
Significar a aprendizagem e envolver os estudantes nesse processo estão entre os grandes desafios dos estudos domiciliares. Nesse contexto, as atividades interdisciplinares dão sentido às diferentes formas de aprender como, por exemplo, a proposta “Modalidades de energia, radioatividade e as vozes de Chernobyl”, que envolve Literatura, Química e Física para as turmas do 1º Ano do Ensino Médio.
A atividade começou com a leitura da obra “Vozes de Chernobyl – A história oral do desastre nuclear”, de Svetlana Aleksiévitch, que reúne relatos que oportunizam a análise crítica deste evento histórico, ocorrido em 1986. O romance-reportagem apresenta narrativas reais, com apelo poético, simbólico e psicológico.Uma linguagem artística, queconduz o olhar do leitor sobre o evento traumático, permitindo o conhecimento científico, sem reduzir a percepção sobre a humanidade que o cerca. Inspiradas na leitura, aulas de Literatura, Química e Física vêm se tornando grandes ambientes virtuais para análise, debate e esclarecimento, formando uma grande rede conceitual para falar sobre o desastre ocorrido na Usina Nuclear de Chernobyl. Nas aulas de Literatura, os estudantes analisaram a obra Vozes, bem como outras que têm o trauma como temática. Ocorreu, também, a análise de fontes históricas e conceitos (história, memória e narrativa; história oral e literatura oral; jornalismo literário e romance histórico) com uma aula interdisciplinar ministrada pelos professores Vinícius Rodrigues e Marcos Paulo Tonial.
No último dia 21, durante as aulas de Física e de Química, os estudantes escutaram, atentamente, a Prof. Dra. Tânia Salgado, da Universidade Federal (UFRGS), que apresentou a palestra “Radioatividade e as vozes de Chernobyl” e contribuiu para a compreensão de questões relacionadas aos modelos atômicos e à radioatividade, temas presentes no evento de 1986. "[Na atividade] interdisciplinar de Química, Física e Literatura, com o amparo da doutora em Radioquímica Tânia Salgado, fomos capazes de compreender tecnicamente os acontecimentos que provocaram o acidente de Chernobyl, além dos seus impactos ambientais e sociais. O projeto nos proporcionou um momento brilhante que, sem dúvida, despertou um olhar crítico e científico acerca da importância da radioatividade e dos cuidados com o seu uso no mundo contemporâneo", destacou a estudante Marina Tedesco de Baco, ao avaliar a atividade.
A professora Mariana Marasca, de Química, destaca que o projeto possibilita a constituição de uma educação emancipatória e ressalta a importância de atividades interdisciplinares. “Acreditamos que a aprendizagem significativa acontece, quando buscamos conceitos preexistentes dos discentes e conectamos com os objetos de conhecimentos estudados no Plano de Ensino. O trabalho interdisciplinarconsegue desenvolver habilidades previstas nas ciências da natureza e nas linguagens, em uma perspectiva que possibilita aos educandos serem sujeitos críticos, que pensem de forma autônoma, possibilitando, também, que o estudante tenha uma formação integral”, conclui Mariana, lembrando que tudo se baseia no desenvolvimento da capacidade do educando de interagir com o seu ambiente, entendendo que ele faz parte de um mundo do qual ele é sujeito críticono âmbito social, natural e tecnológico.