Corpus Christi e Campanha da Fraternidade 2025: unidos pela Ecologia Integral

Na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, celebramos a Solenidade de Corpus Christi, uma data que nos convida a refletir sobre o mistério da Eucaristia — o Corpo de Cristo entregue por amor à humanidade. Este ano, a celebração se entrelaça com o tema da Campanha da Fraternidade 2025, proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): “Fraternidade e Ecologia Integral”, com o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

A Eucaristia como Semente de Fraternidade

A Eucaristia, celebrada em Corpus Christi, é o sacramento do amor e da entrega. Ao partilhar o Corpo de Cristo, somos chamados a viver a fraternidade, reconhecendo a dignidade de cada pessoa e a interdependência entre todos os seres. Este gesto nos impulsiona a cuidar da criação, nossa Casa Comum, promovendo a justiça social e ambiental.

Ecologia Integral: um chamado à conversão

A Campanha da Fraternidade 2025 nos convida a uma conversão integral, que envolve não apenas a transformação pessoal, mas também a mudança de estruturas sociais e ambientais que afetam os mais pobres e a Terra. O tema destaca a urgência de repensarmos nossos modos de vida e adotarmos práticas sustentáveis que respeitem a dignidade humana e a criação divina.

Corpus Christi e a Ecologia Integral: uma celebração conectada

Neste Corpus Christi, somos convidados a unir a celebração da Eucaristia com ações concretas de cuidado ambiental. A confecção de tapetes coloridos, uma tradição popular nesta data, pode ser uma oportunidade para refletirmos sobre a beleza da criação e a necessidade de preservá-la. Além disso, podemos utilizar materiais recicláveis ou alimentos não perecíveis na confecção dos tapetes, que serão posteriormente doados a comunidades em situação de vulnerabilidade.

Ao celebrarmos Corpus Christi, renovamos nosso compromisso com o amor e a fraternidade. Ao mesmo tempo, a Campanha da Fraternidade 2025 nos desafia a viver essa fraternidade de maneira integral, cuidando da criação e promovendo a justiça social.

Comunidade inesiana, que este tempo de celebração e reflexão nos inspire a agir em favor de um mundo mais justo e sustentável.

Confira o artigo do Coordenador da Pastoral Educacional, Josimar Philippsen.

Quando Jesus Caminha Entre Nós

Fico pensando nas cidades por onde Jesus caminhou. Sua vida foi itinerante, marcada por passos firmes no chão da história e do cotidiano das pessoas. Nazaré, Belém, Jerusalém, lugares onde o divino se misturou ao humano. Escolheu Cafarnaum, uma cidade simples, de pescadores e agricultores, como ponto de partida para seu projeto de vida. Foi ali, entre os necessitados, que Ele começou a revelar o Reino de Deus, não um reino distante, mas presente, próximo, feito de encontros, curas, escutas e partilhas.

Jesus caminhava. Deus caminhava. E caminhava entre nós.

Hoje, no mundo em que vivemos, marcado por conflitos, violência, fome e desigualdades, podemos perguntar-nos: se Jesus estivesse fisicamente entre nós, por onde passaria? Em quais cidades deixaria suas pegadas? Em que calçadas, vielas ou avenidas estenderia suas mãos? O que Ele nos pediria?

Talvez pedisse menos muros e mais pontes. Menos julgamentos e mais escuta. Menos indiferença e mais compromisso com a dignidade de cada pessoa. Talvez dissesse que não é possível celebrar sua presença entre nós sem promover a justiça e a paz.

Vivemos tempos de crise profunda na paz mundial. Povos inteiros vivem sob o medo, sob o peso das bombas e da intolerância. Crianças dormem entre escombros, famílias são separadas, e a esperança parece cada vez mais frágil diante da brutalidade das guerras. Neste cenário de dor, Corpus Christi também deve ser um grito silencioso por paz. Um clamor para que cessem os conflitos, para que as armas sejam silenciadas e que os corações sejam tocados pela compaixão e pela reconciliação.

O dia de Corpus Christi nos convida a refletir sobre esse Cristo vivo, que caminha pelas nossas ruas. A procissão com o Santíssimo Sacramento é símbolo dessa presença real, que não está confinada a templos ou sacrários, mas pulsa no coração da vida, especialmente onde há dor, exclusão e esperança.

Os tapetes ornamentais, tradição tão bonita deste dia, são uma forma concreta de preparar o caminho do Senhor. Mas que outros tapetes poderíamos estender? Tapetes de paz, respeito e tolerância. Tapetes que acolham as diferenças, que celebrem a fraternidade e denunciem tudo o que fere a dignidade humana. Tapetes feitos de atitudes, de gestos cotidianos, de compromissos assumidos com o Evangelho.

Corpus Christi é, acima de tudo, memória viva de um Deus que se fez pão para estar conosco. Um Deus que caminha ao nosso lado e que nos envia a sermos sinais do seu amor no mundo.

Que neste dia, ao enfeitarmos os caminhos com flores e cores, também os enfeitemos com escolhas que promovam a paz, a justiça e a dignidade. Que cada passo dado na procissão nos lembre que Jesus continua caminhando, e que seus passos pedem que caminhemos com Ele, ao encontro dos que mais precisam. E que o nosso coração se una a tantos outros que, neste mundo ferido, ainda sonham com o milagre da paz.