Leitura, encantamento e múltiplas vivências

Um dos momentos mais marcantes do 2º Ano Bilíngue, é o processo de construção da obra Pequenos Inventores de Histórias, anualmente lançada na Feira do Livro de Porto Alegre. Um longo trabalho que desenvolve habilidades diversas nos estudantes, inicialmente, focadas na linguagem (escuta, oralidade, leitura e escrita), mas que se conectam com diversas áreas do conhecimento e resultam na produção de um texto que, juntamente com as produções dos demais colegas, dá forma ao livro.

“O primeiro encantamento se estabelece na produção, quando um silêncio profundo e harmonioso toma conta das crianças, que focam na folha enquanto suas mãozinhas “correm pelo papel”, tentando escrever todas as suas ideias”, avalia a professora Clarissa Pereira Coelho, do 2º Ano.  “Neste momento, buscamos não interferir, respeitando o processo de criação individual”, explica.

De acordo com a professora, além da expressão criativa do imaginário infantil, os textos retratam o resultado de todo um investimento ao longo do ano letivo, como a ampliação do vocabulário, a coesão de ideias, o detalhamento, o uso de adjetivos e expressões de tempo, os avanços na ortografia e a tentativa de pontuar. “Os estudantes se apropriam dos conhecimentos e os utilizam”, ressalta. O diálogo se estabelece, quando relemos com cada criança o texto produzido e, nesse mecanismo de  escuta e troca, além da revisão gramatical e ortográfica, o vínculo se fortalece”.

Depois da sessão de autógrafos, que reúne crianças e familiares, a vivência segue em sala de aula. O momento da leitura oral acontece após o lançamento e é quando o estudante pega o livro, dirige-se à frente da turma e lê o que produziu. “Aparentemente, é algo simples, mas, é quando ocorre a maior ativação de áreas cerebrais”, destaca Clarissa ao lembrar dos momentos em que o estudante ativa o sistema límbico, para se expor frente à turma e ter autoconfiança, o sistema motor, ao caminhar, segurar, respirar e se posicionar, além das demais áreas responsáveis pelo processamento visual, auditivo e de símbolos,  entre outras.

“A fluência leitora não está somente relacionada à velocidade, mas à capacidade de se utilizar todos os conhecimentos sobre as palavras (letras, pronúncia, significado, função gramatical, etc.) de forma rápida o suficiente para ter tempo de pensar e compreender, fazendo a entonação adequada”, complementa a educadora ao ressaltar que “quanto mais se lê, melhor é a leitura”. “É revigorante ver o estudante lendo e os olhos dos colegas acompanhando a leitura no seu livro ou fixos no amigo que lê. É lindo vivenciar a explosão do aplauso no final, os sorrisos de contentamento e as perguntas originais, refletindo o posicionamento crítico dos estudantes”, conclui.