“O coração se forma de acordo com o que ama”. Conheça o Projeto Pastoral-Pedagógico de 2024

Nada em uma escola acontece por acaso. Cada ação, programa e iniciativa tem um embrião cultivado antes mesmo de o ano começar. É assim que o Projeto Pedagógico-Pastoral inicia sua jornada no universo escolar: após reflexões sobre os ensinamentos cristãos e sobre como aplicá-los nas necessidades que o cotidiano apresenta. Em um colégio, inclusive, não é difícil encontrar desafios para se debruçar.

Esse movimento de reincorporar valores que caíram no esquecimento e guiar-se pelos preceitos cristãos a fim de modificar a realidade é uma maneira de honrar a sabedoria de Cristo e replicar seus exemplos. “Jesus fez sua leitura do tempo, soube identificar os problemas, pensou métodos apropriados e estabeleceu vínculos”, observa o coordenador da Pastoral Educacional do Colégio Santa Inês, Josimar Philippsen.

Em sintonia com o Projeto Político Pedagógico e o Projeto Educativo Pastoral Rede IENS (Irmãs Escolares de Nossa Senhora), o trabalho evangelizador do Santa Inês também soma ao trabalho o Carisma de Madre Teresa de Jesus Gerhardinger, fundadora da Rede IENS, educadora e defensora de uma educação que humaniza e transforma – propósito seguido pela escola inesiana em suas atividades pedagógicas, no acolhimento e na escuta ativa.

 

Ações que vão além: fraternidade, amizade social e outras coisas

“O Projeto Pedagógico-Pastoral do Colégio Santa Inês também tem como objetivo desmistificar uma ação pastoral direcionada apenas a atividades de cunho religioso. A proposta é construir uma ação que envolva a comunidade como um todo”, explica Josimar. Independente das interpretações, o trabalho pastoral jamais perde sua natureza: perceber, aproximar e cuidar do outro.

O projeto inesiano – que carrega em sua essência o amor ao próximo, empatia e solidariedade – também caminha junto com a Campanha da Fraternidade 2024, que traz como tema a “Fraternidade e Amizade Social”. Para compreendê-la, é preciso se distanciar de antigos conceitos e ampliar o olhar sobre o que o título comunica. Mas, afinal, o que é amizade social?

 

Aumentando a tenda

A Fratelli Tutti, documento escrito por Papa Francisco em 2020, traz dezenas de descrições do que é amizade social, que podem ser resumidas como “a busca de aproximar e acolher o que é diferente ou distante” nas palavras de Josimar.

Esta, portanto, é a proposta que estará à frente das ações pastorais em 2024. “Transpor barreiras, aumentar a tenda e principalmente viver livre de todo o desejo de domínio sobre os outros são o caminho para o que a Campanha da Fraternidade deste ano chama de ‘amizade social’”, completa o educador.

 

A amizade social é um "amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço" (FT, n.1).

A amizade social é uma "fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, independentemente da sua proximidade física" (FT, n.1).

A amizade social é um amor "desejoso de abraçar a todos" (FT, n.3).

A amizade social é "comunicar com a vida o amor de Deus, recusando impor doutrinas por meio de uma guerra dialética" (cf. FT, n.4).

A amizade social é viver livre "de todo desejo de domínio sobre os outros" (FT, n.4).

A amizade social é "o amor que se estende para além das fronteiras" (FT, n.99), para todo ser vivo. (FT, n.59).

A amizade social é o "amor que rompe as cadeias que nos isolam e separam, lançando pontes; o amor que nos permite construir uma grande família na qual todos nós podemos nos sentir em casa (...) Amor que sabe de compaixão e dignidade" (FT, n.62).

A amizade social é a nossa "vocação para formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros" (FT, n.96).

A amizade social é "a capacidade diária de alargar o meu círculo, chegar àqueles que espontaneamente não sinto como parte do meu mundo de interesses, embora se encontrem perto de mim" (FT, n.97).

A amizade social é "o amor que implica algo mais do que uma série de ações benéficas. As ações derivam de uma união que propende cada vez mais para o outro, considerando-o precioso, digno, aprazível e bom, independentemente das aparências físicas ou morais.


Educando corações

O professor, que trabalha questões como princípios, virtudes e vocação com crianças e adolescentes no Santa Inês, afirma que a escola é um espaço de interculturalidade em um universo plural. “Temos um terreno fértil, que rende bons frutos. Podemos ensinar que amor salva relações, que devemos ir ao encontro do outro com compaixão... Para amar e moldar o coração é preciso aproximar, acolher, conhecer, entender e cuidar”, reflete ele.

Lado a lado com o lema "Vós sois todos irmãos e irmãs" (Mateus, 23:8)”, que rege a Campanha da Fraternidade, o projeto pastoral inesiano traz um pensamento de Madre Teresa de Jesus Gerhardinger como tema: “O coração se forma de acordo com o que ama”. A frase revela um horizonte a ser seguido: romper as cadeias que nos separam, lançando pontes, construindo uma família, na qual todos nós podemos nos sentir em casa. (FT, n.72).

Na prática, a ideia de Madre Teresa caminha de mãos dadas com a Campanha da Fraternidade e ainda traz uma pergunta que abre caminho para a mudança: somos capazes de amar o que não conhecemos? Santo Agostinho, por sua vez, nos traz a resposta: “Só amamos aquilo que conhecemos.” É essa a mudança que se espera construir durante este ano letivo.

“Este projeto pastoral pedagógico é como guarda-chuva, um disparador de ideias para que, dentro da nossa realidade, do nosso ciclo, possamos pensar em estratégias para que nossas crianças e estudantes aprendam a amar de forma afetiva e efetiva”, encerra Josimar neste início de ano escolar.