O significado da vida

Inspirados nos contos “O país dos sonhos” e “O mundo”, do “O livro dos abraços”, do uruguaio Eduardo Galeano, e orientados pelos professores Bruno Peres e Aline Moretto, os estudantes do 3º Ano do Ensino Médio fizeram uma ação pontual para a promoção do bem-estar da comunidade de maneira virtual. A atividade foi proposta durante um itinerário interdisciplinar que reuniu os componentes curriculares de REA (Relações Escolares e Autonomia) e Língua Espanhola. “Foi proposta uma reflexão acerca do significado da vida, relacionando-a com o contexto atual de pandemia e isolamento social. Com essa reflexão, propomos que os estudantes se engajassem e realizassem uma ação social, virtualmente, que poderia ser escrever uma frase sobre o significado da vida e colocar na porta da sua casa, a divulgação de uma poesia virtual ou mesmo a ligação para um familiar”, explicou a professora Aline, lembrando que era necessário tirar uma foto registrando a ação, além de escrever uma legenda sobre ela em espanhol. “Os estudantes se engajaram muito nessa atividade, foram criativos e emocionaram com algumas intervenções singelas e carregadas de afeto, oferecendo um abraço, um carinho virtual e um cuidado imenso com a vida do outro, a partir dessa conscientização da importância do isolamento social, ainda que desafiante, neste momento delicado”, complementou Aline. 

Ao refletir sobre a atividade, a estudante Bruna Brayer disse que, antes do isolamento e da pandemia, “demostrávamos sentimentos em nossas falas, agregávamos de maneira subjetiva sentido em nossos posicionamentos, atitudes e que, agora, aprendemos a reinventar”. “Relações que pela correria do dia a dia estavam enfraquecidas foram obrigadas a se reestabelecer, o caso da relação familiar. A partir da fala dos dois professores, dos textos motivadores do Galeano e da escutar da fala de meus colegas, acrescentei à minha visão de ‘qual é o significado da minha vida’ as novas formas de comunicação usadas hoje (vídeos chamada, WhatsApp), e comparei com a comunicação direta, cara a cara. Redefini a frase ‘colhemos aquilo que plantamos’, pois agora acredito que colhemos aquilo que a nossa sociedade planta. Foi nesse momento que surgiu a inspiração para o meu trabalho. O professor de português Cristiano já havia solicitado que realizássemos um cartaz para alertar sobre o Covid-19. Depois houve solicitação de REA e Espanhol, em que deveria ser feita intervenção social (de modo a não infringir o isolamento social). Juntei as duas propostas confeccionando um cartaz com o titulo “Não é sobre você, é sobre nós” e, nele, apresentei minha reflexão de que não dependemos apenas das nossas ações, mas sim de uma ação social”, explicou a estudante, destacando que gostou das propostas, tanto as reflexivas quanto as práticas, pois nos colocam na posição de seres que sofrem com determinadas situações e agem em prol de um bem-estar geral.

A ideia proposta aos estudantes tinha como objetivo (re)significar suas vidas, além de movimentá-los a verem e auxiliarem o próximo, mantendo, de diferentes formas, respeito ao indicativo de afastamento social, realizando escutas, usando as redes sociais para espalhar mensagens positivas, entre outros movimentos possíveis, como explica o professor Bruno Peres. “O momento que vivemos suscita (re) significar as relações do sujeito diante de suas questões íntimas, assumindo um novo lugar neste espaço que se cria em um mundo pandêmico e, para além disso, considerar que como ele sofre neste momento, outros sofrem mais ou menos os efeitos da clausura”, conclui Bruno, lembrando que é preciso entender que tipo de fogueira trazemos conosco, para que, equilibrados e sabedores do nosso lugar na sociedade, possamos visualizar a fogueira do próximo e ajudá-lo no que for preciso.